sábado, 3 de setembro de 2011

Buscándome





Há vinte e um anos eu tenho me autoanalisado. Há vinte e um anos eu tenho tentando me entender, me conhecer. A única coisa que consegui durante todo esse tempo foi acumular angustias e frustrações. Sinto que me transformei em algum tipo de monstro. Tenho poucas expectativas em relação a minha vida, ao meu futuro. Creio que perdi totalmente a fé. Em Deus, no amor e nas pessoas, incluindo a mim mesma. E por essa minha condição cética e vazia eu tenho me sentido no direito de perseguir, de menosprezar. Pareço me esquecer de um dos princípios básico que em uma noite recente adotei para mim por toda a minha vida: Não causar o mal a ninguém nem a mim mesma. Bem, acho que isso varia de acordo com o conceito de “mal” que cada um possui. Eu não acho que seja ruim uma pessoa querer decidir seu próprio destino. Me sinto totalmente no direito de colocar um fim a minha vida quando me der na telha, o que eu não tenho direito é de causar sofrimento as pessoas que eu amo. E é só por essa merda que eu não exerço meu direito natural de me matar. Irônico, eu não acredito no amor, mas é justamente por amor que eu continuo viva. Como é estranha essa minha ambiguidade... Como eu sou estranha, hum. Eu tenho me sentido sozinha. Mas não é uma solidão de pessoas, é uma solidão de mim mesma. Por essa minha mania de me autoanalisar, eu tenho notado que busco uma cura inalcançável, tentando retornar as coisas do meu passado... Velhos amigos, musicas, hábitos. Um gosto, um som ou um cheiro que me faça relembrar um pouco do que um dia eu fui. E eu sempre termino me perdendo novamente no vazio infindável que eu mesma escavei dentro de mim. Me conheço tão bem e não tenho a menor ideia do que esta se passando comigo. Pela primeira vez eu me convenci de que simplesmente não tenho respostas. Não sei se isso é apenas uma fase ou se é permanente. Não sei se é depressão, frustração, egocentrismo ou TPM. Eu não sei, simplesmente. Tenho buscado algumas formas de amenizar minha situação, mas não tem surtido muito efeito. Me cansei do cigarro, do álcool e dos amigos. Me cansei dos meus livros, da música e de tudo o que sempre amei. Me cansei de mim mesma, do ar que respiro , de tudo o que toco e que vejo. Me cansei de viver. Cansei dos dias que a cada noite terminam só para amanhecerem exatamente iguais. E eu não tenho mais esperanças, de que um dia possa ser diferente. Mas nem tudo em mim é composto por desilusão. Meus doces e minhas canções trazem de volta lembranças de uma menina meiga e alegre, muito diferente dessa mulher amarga que gasta seu tempo escrevendo palavras vazias a respeito de um mundo que ela apenas renega. Essas lembrança não fazem com que eu me sinta em nada melhor ou esperançosa, mas como uma pessoa racional, que eu ainda sou, relembrando esses tempos penso que ainda pode haver solução para mim, já que eu nem sempre fui assim. Um dia eu sorri, chorei e amei, com toda a intensidade do meu ser. E eu sigo meus dias, todos iguais. Quem sabe em alguma manhã inóspita, o sol nasça de uma maneira diferente... Quem sabe nesta manhã renasça também a menina, que a tanto morreu dentro de mim. E quem sabe esta menina, consiga vencer todos os seus traumas e assassinar a mulher ferida que tomou o seu lugar. Não que eu acredite nisso ou que ainda tenha alguma esperança... É apenas uma ideia. Nunca se sabe...

Um comentário:

  1. Já escrevi viagens erradas semelhantes, não tive a moral de exteriorizá-las ao mundo, e era mais zuavezinha =P

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